sábado, 16 de agosto de 2008

Apresentação dos Capítulos

Ana Terra


O Capítulo entitulado Ana Terra narra a saga da família Terra, que saiu da província de São Paulo, mais exatamente de Sorocaba, a procura de uma vida melhor nas terras meridionais da colônia. O pai de Ana, Maneco Terra, nas palavras do próprio Verissímo, era um homem que falava pouco e trabalhava demais. Severo e sério, exigia dos outros muito respeito e obediência, e não admitia que ninguém em casa discutisse com ele (descrição bastante característica dos colonos, já brasileiros, que ajudaram a povoar o extremo sul no século XVIII). Maneco era casado com Henriqueta e tinha mais dois filhos, Antônio e Horácio.

Quando a família chegou a região de Rio Pardo, construíram seu casebre nas terras adquiridas pela carta de sesmaria. O lugar era desolado, distante da vila; era uma planície sem fim, muito propícia a ataques de animais, bugres (forma como os gaúchos designavam os índios) e castelhanos. E acabou sendo em um desses ataques que a família Terra foi dizimada, restando apenas Ana, ainda jovem, seu filho com um índio, e a cunhada.

Uma questão importante da saga de Ana Terra é o aparecimento do índio Pedro, de forma inusitada (Ana o encontra a beira da morte na sanga de águas límpidas em que costumava se admirar) e a conseqüente estada dele por muito tempo na casa da família. O índio Pedro simboliza a destruição das missões jesuíticas pelos portugueses e todo o misticismo que havia ao seu redor; mostra também quão profunda foi a infusão do catolicismo europeu nos índios da região.

Pedro engravida Ana. Ele acaba sendo morto pelos irmãos da moça (a questão da honra familiar era muito presente na mentalidade popular) e quando os castelhanos destroem tudo, Ana parte com um tropeiro, rumo ao próspero povoado de Santa Fé, carregando consigo o espírito austero e corajoso dos Terra. Espírito de quem já conhecia a guerra e a morte de perto.


Um Certo Capitão Rodrigo


O filho de Ana Terra, Pedro, se casa e tem dois filhos, Florêncio e Bibiana. Esta última se torna uma bela moça, bastante cobiçada pelo filho do fundador da vila de Santa Fé, Bento Amaral. Certo dia chega a vila um desconhecido, com pompas de capitão de milícias, e que decide ficar hospedado por uns tempos naquelas paragens. Era este o Capitão Rodrigo Cambará, um homem que já havia lutado em muitas guerras, a própria concretização do gaúcho. Devia andar lá pelo meio da casa dos trinta, montava um alazão, trazia bombachas claras, botas com chilenas e o busto musculoso apertado num dólmã militar azul.

O Capitão Rodrigo se apaixona e acaba se casando com Bibiana Terra. Mas ele era um homem do mundo, só pensava em suas batalhas, nos lugares onde ainda poderia lutar, porque estar na guerra era sinônimo de ser homem, de ter honra, de ser um gaúcho. Mesmo tendo aberto uma venda junto com o cunhado, Rodrigo por muitas vezes saiu em viagens demorando-se meses, deixando inclusive Bibiana grávida. Mesmo assim, foi numa batalha pequena, ali mesmo em Santa Fé que o capitão veio a falecer, dentro da residência dos Amaral, que desde a sua chegada foram seus grandes rivais.

Ninguém na vila entendia porque Rodrigo não se aquietou quando casou, não se esqueceu nunca das guerras. Mas este era o seu espírito, assim ele havia sido criado. E por mais que Bibiana tivesse relutado, esta forte característica do pai iria predominar em seu filho, Bolívar Terra Cambará.

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