terça-feira, 16 de setembro de 2008

Pequena História dos Flagelados

E vão caindo as gotas do suor desgraçado
-Eta inferno, que o diabo logo me carrega.
As crianças choram, resmungam.
Logo tudo é murmúrio.
E o silêncio, o ar nauseabundo. E as barrigas roncam.
- Cadê a cidade João?
- Tamo chegano Maria. Arre!
O sol queima, escandaliza, marca.
Em algum lugar as pessoas almoçam, regalam-se.
Por aqui, só a morte desfruta.
Um pequeno cai. Então se vê, irá arredar.
A mãe, coitada! Soluça, entontece.
Assim vão-se indo. Aos poucos, derreando.
Saciando por fim a fome das aves negras,
do deserto maldito,
de sua própria sorte.

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